Eu sempre desejei ser mãe. Nunca imaginei o futuro sem ter uma família para chamar de minha. Só que, com a mesma certeza, eu pensava no quão difícil e desafiador seria encarar uma gravidez e a responsabilidade de cuidar de uma criança.
Passava de tudo pela minha cabeça: a gestação seria complicada, como foram as da minha mãe; o parto seria extremamente doloroso, independente do formato (normal ou cesariana); eu não conseguiria acordar a noite, pois meu sono sempre foi muito pesado; como eu iria diferenciar o choro de fome, frio, calor, cólica ou manha – sempre achei tudo igual; não daria para conciliar os cuidados com a casa, marido e o filho, meu dia sempre foi pequeno para tudo que queria fazer.
Acontece que, desde que descobri que estava grávida, tudo mudou. Me preparei muito para receber a Lis e encarei cada fase destes nove meses ou 40 semanas, com muita serenidade. Tive pouco enjoo apenas no terceiro mês, o parto foi muito tranquilo – apesar de não ter conseguido realizar o parto normal, pois não tive contrações e nem dilatação. Quanto ao sono, acordo só dela respirar diferente e olha que ela fica no quartinho dela. Com duas semanas já sabia facilmente diferenciar o choro, é impressionante como com o tempo a gente sabe naturalmente. Já quanto a rotina, tenho conseguido me organizar sem grandes dificuldades.
Não que a gravidez seja um conto de fadas, a gente fica mais cansada, com algumas limitações, precisa cuidar da alimentação e saúde como nunca, dentre outras coisas. Mas a minha experiência me mostrou que a forma como encaramos tudo isso faz total diferença. Desde que soube da chegada da Lis, procurei me manter positiva, serena, mais conectada comigo e com ela. Vivi este período buscando uma ligação com a minha filha e aberta para todas as transformações que estavam por vir.
O comportamento das pessoas que convivem conosco também influencia muito. No meu caso, o marido foi companheiro como nunca, não que eu imaginasse ser diferente. Ele foi e tem sido um pai e marido com letras maiúsculas. Esteve presente em todas as consultas e exames, leu muito sobre gravidez e educação de uma criança e vem dividindo comigo todos os cuidados com a Lis. Da mesma forma, toda a família e amigos estão vivenciando conosco esta emoção e felicidade.
É claro que cada um vai passar por isso tudo à sua maneira. E é mais óbvio ainda que me bateu insegurança em alguns momentos, tive medos, chorei com a primeira cólica dela, me senti exausta pelas noites mal dormidas. Mas é que com o nascimento da minha filha, descobri a mãe que habitava em mim. A cada cuidado me sentia mais segura, mais mãe e pronta para tudo isso.
O tempo vai nos mostrando que tudo se encaixa. E nem precisa de tanto tempo assim. Hoje ela tem apenas um mês e se tem uma coisa que eu tenho certeza é de que eu consigo cuidar dela!