Uma das minhas mais surpreendentes descobertas depois de ter um bebê foi a de que temos um bebê por muito, muito pouco tempo. Antes de ser mãe, eu sempre pensava nos casais que tinham filhos pequenos como se essa fosse uma realidade definitiva na vida daquelas pessoas. Quando dizia “fulano e fulano são pais de um nenenzinho”, tinha a sensação de estar mencionando uma condição imutável, como a cidade onde nascemos ou a cor dos nossos olhos. Naturalmente, eu também pensava que, a partir do nascimento da Nina, eu me apresentaria assim: “Adriane Barroso, brasileira, olhos castanhos, mãe de um bebê”.
Só que na vida real as coisas funcionam da seguinte forma: um dia você escolhe uma roupinha tamanho recém-nascido para vestir seu filho depois do banho e, antes que ela saia da máquina de lavar roupas para que ele possa usá-la de novo, a roupa já não serve mais. Roupinhas tamanho RN, aliás, são o que há de mais transitório em nossa breve existência. Da mesma forma, você descobre que as madrugadas sem dormir terminaram quando, às três da manhã, acorda para alimentar seu pequenino, mas ele dorme a noite toda daí por diante, e também nas noites seguintes, deixando você meses seguidos com insônia e dificuldade de se readaptar à rotina de sono dos seres humanos normais – e, pior, sem a sua antiga companhia noturna. Finalmente, quando você aprende truques rápidos para esterilizar mamadeiras e preparar papinhas, tem que encarar o fato de que seu filho já engatinha e se alimenta, agora, prioritariamente de restos de comida que encontra pelo chão, nos cantinhos mais insondáveis da sua sala de jantar.
É claro que eu já tinha ouvido os pais dizerem “aproveite que o tempo passa rápido”, mas eu não conseguia entender a velocidade do tempo dos bebês. E é por isso que me causa muito espanto que o meu ex-bebê esteja agora aqui, de pé no meio da sala, usando tênis, uns óculos escuros antigos que ganhou da avó, brincando sozinha enrolada em uma echarpe, dançando enquanto cantarola uma música que eu não compreendo. Acabou de me dizer “obrigada” porque eu liguei a televisão e, quando me arrumo para sair, me elogia com um “que linda!”. Adora quando encontra uma de suas chupetas antigas pela casa e me entrega todas dizendo “da Stella”, prima um ano mais nova que ela chama de “neném” e que imita fazendo um barulhinho de choro chato.
Adriane Barroso, brasileira, olhos castanhos, ex-mãe de bebê e, no presente momento, mãe de uma menininha adorável.