Assim como eu, muitos se fazem essa pergunta. A questão é que existem diversos artigos, teorias e correntes da psicologia dizendo e ditando o que funciona ou não na educação das crianças. Quando meu filho nasceu só existia ele em nossos círculos de convívio. Filho, neto, sobrinho, conhecido… ele era o único. Comecei a sentir o desafio de impor limites. Era só chegar em outro ambiente para o combinado ir por água abaixo e alguém lhe mostrar um mundo de coisas interessantes e atrativas.
Quando ele fez dois anos começou uma fase que parecia que nós iríamos enlouquecer. As birras, pirraças, murrinhas, manhas e chiliques tomaram conta daquele serzinho tão doce e amável. E a gente (eu e meu marido) ouvia: “Mas, ele é tão bonzinho!”, “Vocês reclamam de barriga cheia!”, “Queria ver se ele realmente fizesse pirraça!”, “Tadinho dele!”. Agora pensa na cara da mãe exausta de ver o filho dar um show cada vez que era contrariado.
A medida que ele foi crescendo, comecei a mergulhar na literatura para encontrar respostas para tantas dúvidas e para tentar me sentir menos culpada. Primeiro foi a tática da impostação de voz, depois o cantinho do pensamento, depois o quadro das recompensas e por aí fui seguindo a risca o que cada especialista ensinava. Cada vez que uma técnica falhava sentia a inevitável frustração. Afinal, o primeiro filho sempre é cobaia… Ele aprende o que e como é o mundo e nós aprendemos o que fazer e como lidar com a maternidade.
Recentemente andei lendo sobre ensinar aos filhos as consequências de seus atos. Achei muito mais coerente do que tudo que vinha fazendo. Claro que eu não espero que bebês consigam entender a amplitude da consequência de seus atos, mas, aos poucos, com muita conversa e dedicação, a gente consegue se fazer entender.
Um exemplo é como fiz com que meu filho, que tem quatro anos e meio, entendesse a importância de colocar pouca pasta de dente na escova. O sabor da pasta fazia com que ele virasse meio tubo a cada escovação, um custo oneroso (já viram o valor da pasta infantil?). Após alguns dias conversando, explicando, insistindo e persistindo, ele entendeu que o dinheiro que vai para novas pastas de dente pode ser investido em algum benefício para ele.
Respondendo à pergunta do nosso título, posso dizer que não. O castigo não funciona. Aqueles três ou quatro minutinhos que a criança passa isolada é torturante para os pais e para ela. Ali ela não pensa no que fez de errado e sim no que ainda pode aprontar ou em como a mãe é ruim por deixa-la sozinha em um lugar que ela não gosta.
Nossas crianças estão muito além do que podemos imaginar. São formadas e informadas por um meio muito mais amplo. Estão aptas a aprender e apreender mais com nossos exemplos e com diálogo do que com castigos. Como pais dessa nova geração somos desafiados a fazer mais e melhor. Somos convidados a reinventar.