A tecnologia mudou a maneira como educamos nossos filhos e tornou esse desafio ainda maior. Cada vez mais presente no cotidiano de todos nós, os aparelhos eletrônicos merecem especial atenção quando se trata de sua relação na vida das crianças. Isso porque, por ainda estarem em fase de desenvolvimento, tanto cognitivo quanto comportamental, elas podem ser afetadas por toda a vida pelos valores que aprendem com esses recursos tecnológicos.
Para os pequenos, é ainda mais difícil perceber a linha tênue entre o virtual e o real e é sua responsabilidade auxiliá-los nessa relação. Abaixo, listamos os maiores desafios que permeiam a relação precoce das crianças com a tecnologia e mostramos como você pode se preparar para enfrentar cada um deles, confira:
Falta de criatividade
Se o “pensamento” dos tablets, computadores e outros aparelhos é matemático, é esse tipo de raciocínio que também se desenvolve nas crianças. Pense, por exemplo, nos videogames ou joguinhos online: a partir do momento em que se decora o roteiro ou a solução daquela fase, é só repeti-la para ganhar o jogo.
Segundo Flávio Comim, ex-economista sênior do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o excesso de exposição à tecnologia limita as conexões neurais. Nossos filhos passam a ter sua criatividade inibida e a raciocinar de forma padrão, igual a todos outros colegas de sua idade que, provavelmente, brincam com os mesmos aplicativos.
Exposição precoce à tecnologia
É bastante comum escutarmos que devemos expor as crianças à tecnologia para que se acostumem com ela desde cedo. Para o professor Valdemar Setze do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP, no entanto, essa é uma falácia.
A tecnologia é cada vez mais amigável e é possível aprender a sua lógica com facilidade. As crianças poderiam, portanto, se envolver com ela a partir dos 12 anos sem que isso cause nenhum impacto social. Antes disso, falta autocontrole e discernimento entre mundo real e mundo virtual para que essa interação ocorra de forma saudável.
Ansiedade e frustração
Entre os problemas comportamentais que a tecnologia pode causar, a ansiedade e a frustração são os mais citados pelo psicólogo e coordenador do grupo de dependência tecnológica do Hospital das Clínicas de São Paulo, Cristiano Nabuco de Abreu.
As crianças que são superexpostas à tecnologia — e não são poucos os pais que as mantém ocupadas com um tablet ou smartphone enquanto trabalham ou fazem as suas atividades pessoais — têm uma outra noção de tempo e expectativas satisfeitas muito mais rapidamente. Com isso, surge o que já é chamado de tecnoestresse, além das costumeiras malcriações e birras.
Relacionamentos com os amigos
Que a tecnologia facilita os relacionamentos nós já sabemos, mas como ela influencia os colegas de uma criança cujo círculo de amigos está principalmente na escola ou no bairro? Ela não precisa lidar com as distâncias para manter contato. Assim, as conversas online tornam-se uma ferramenta para falar sobre assuntos que os demais não poderiam ouvir ou que preferem falar pelas costas: fofocas ou segredos, por exemplo. O cyberbullying fica, assim, cada vez mais comum, incentivado também pelo anonimato que as redes sociais podem trazer.
Com toda essa complexidade entre tecnologia e as crianças, é necessário estar atento e refletir se é realmente saudável dar um tablet para seu filho ou deixar que ele passe horas na frente do computador. Não se esqueça que trazer os valores e o aprendizado das brincadeiras fora da tela é extremamente importante para a formação cognitiva das crianças, o estimulando muito mais seu desenvolvimento e também suas interações pessoais.
Como anda a relação de seus filhos com a tecnologia? Você acha que o excesso é realmente prejudicial para os pequenos? Deixe sua opinião nos comentários!